01 dezembro 2013

Política ou coisa parecida

02/12/13


Pessoal, que saudades. Que saudades da minha vergonha na cara para me dedicar mais ao meu blog. O fato é que penso tanto, que quase todas às vezes penso: “Ó, perigoso até sair um post decente aqui”. No entanto, as ideias vêm e vão e geralmente, quando resolvo tirar um tempinho para escrever, me vejo como estou agora, com aquela sensação de: “O que é que eu queria falar, mesmo??”. Rs. É a idade, é a idade. Mas isso vai ser assunto de outro post.

Tal como Lorde Walder Frey, sempre atrasado, hoje vou falar desse negócio que tem sido muito falado, ou estava sendo, sei lá, os Black Blocs ou coisa parecida.

Na época da Copa das Confederações a coisa ficou preta. Confesso que não tenho mais acompanhado noticiários, mas a bagunça foi tão grande que até eu soube. o.O

A questão é que nas redes sociais, choviam memes dizendo “O gigante acordou” e outras besteiras do tipo. Quando eu vi aquilo ali, não consegui me deixar levar pela onda, não consegui acreditar que alguma coisa iria mudar, e olhe que sou a rainha da utopia.

Fiquei pensativa porque quando eu estava na faculdade, quando houve greve eu fui para as ruas, eu acreditei, sabe? Que gritar, fazer barulho ou coisa do gênero faria diferença. Não foi porque naquela época a gritaria não deu em nada que eu desacreditei e desacredito desses movimentos atuais.
A verdade é que (momento intransigência agora, ram ram) as coisas não irão mudar. Podem gritar, podem depredar patrimônio público e privado, podem prender o Dirceu e pode até ser que neguem a prisão domiciliar do Genoíno, mas nada disso vai mudar enquanto a mentalidade e o comportamento da sociedade não for alterado.
E quando falo de mudança de comportamento não me refiro a sair para ruas e começar a quebrar tudo. Falo de mudança de caráter mesmo, mudança de mentalidade, mudança de comportamento, sabe?
Há aproximadamente um mês atrás fui a trabalho a uma cidadezinha lecionar um curso de um mês de duração. Quando cheguei nesse lugar, me deparei com uma cidade com menos de três mil habitantes e diminuindo a cada dia. Lá não existe comércio, ou turismo, ou qualquer atividade que leve para frente aquele local. A conclusão simples é que em 30 ou 40 anos, aquela cidade irá morrer. Mas eu mencionei essa cidade não por causa da situação econômica dela, nem pelo fato de todo mundo ser parente do prefeito e por qualquer coisinha fora do lugar culpar o tal homem.

Eu mencionei essa cidade porque, lecionando o tal curso, reparei em um comportamento ‘curioso’ por parte de meus alunos. Reparei que todas as vezes que eu chamava a atenção de um aluno, o tal aluno nunca aceitava a minha correção. Ninguém nunca ficava quieto, se envergonhava ou sentia-se mal de alguma forma por estar errado. O comportamento padrão era o seguinte: “Ahh, fulano fez isso ou aquilo e você não disse nada...”. Basicamente.

Isso me fez perceber o quanto, em geral, todo mundo quer ter razão. No momento de receber os louros da vitória, quem não se habilita? Na hora de apontar o dedo e expor o erro alheio, todo mundo quer, não é? (Sem hipocrisia, pessoal). Mas e quando você está errado? E quando quem fez meleca foi você? Você tem peito para admitir o erro? Pense sinceramente ao responder essa pergunta.

Outra: quem possui humildade suficiente para dizer “Eu errei.” atualmente? Ou melhor, quantas pessoas?

O que eu vejo são pessoas que querem ter sempre razão e que, estando erradas, buscam formas de culpar outras pessoas, disfarçar os erros, ou fingir que não saber do que se trata.

Concluí que pessoas assim são tão corruptas e erradas quanto essas outras que insistimos tanto em condenar. Ou seja, farinha do mesmo saco. Percebi que eu não posso mudar o mundo nem você. A única coisa que se encontra ao nosso alcance é mudar o nosso comportamento, mudar a nossa forma de agir e pensar. Se eu desejo honestidade, eu não devo exigir isso das outras pessoas para comigo, devo sim, adotar essa postura de mim para elas.

A partir do momento que a sociedade perceber que todas as mazelas que nos acontecem são apenas reflexo daquilo que somos talvez haja alguma chance de iniciarem-se as mudanças reais.



Pronto, falei.

6 comentários:

  1. Viiii, também estou de volta ao blog (apenas como leitor...rsrs)!

    Parabéns pelo texto :)

    Bom, penso comigo que a única saída é investir em educação, assim tal como fez o Japão ao final da segunda guerra mundial. Não é copa do mundo, não é milhões do pré-sal e muito menos bolsa família que vai salvar o Brasil dessa situação. Somente a educação. Pessoas com um maior grau de esclarecimento tendem a serem mais críticas e entender que o mundo depende mais de nosso próprio comportamento (exatamente como você falou), refletindo isso na escolha de seus representantes, não se deixando levar pelos favores/benefícios individuais e pensando mais nos interesses coletivos e a longo prazo.

    Entretanto, para que o "sistema econômico" do caixa 2 dos corruptos não venha a "quebrar" igual a uma empresa que paga absurdos de impostos e acaba por não conseguir se sustentar, é necessário que a educação do país continue da forma que está, formando uma grande massa de manobra que acredita levar vantagem em ter aproveitado o período eleitoral pra ganhar uns trocados (vendendo seus votos) e não perde um capítulo das novelas da Globo (afinal de contas essa formadora de opiniões investe pesado no que faz). Do ponto de vista dos políticos, qual o sentido de investir em educação?

    Então precisamos de investimentos na educação para sabermos votar e/ou conseguir uma reforma política e precisamos de uma reforma política pra tentar melhorar a educação. Daí entra aquela velha pergunta: quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?

    Eu vejo os black blocks como uma minoria que se libertou das informações tendenciosas da imprensa, como uma galera mais esclarecida. Não estou falando dos marginais infiltrados que promovem o saqueamento e destruição do patrimônio privado não, mas a depredação de agências bancárias e órgãos públicos eu sou a favor. O pólo da fé pública está invertido. Se o estado diz que você fez isso então ele que tem que provar que você fez e não o contrário. E se aproveitando disso é que atualmente manifestantes vêem sendo processados e presos por acusações infundadas, violência incitada pelo próprio governo infiltrado e por causa de provas implantada pela própria polícia, mas quem só assiste os noticiários de algumas emissoras de TV tendenciosas nunca saberão disso. E quando eu vejo uma pessoa falando: "ah, mas são uns burros mesmo. Não ta vendo que se destruir o patrimônio público vão ter que arrumar com o nosso dinheiro?" eu...eu....eu perco as palavras. Se fizermos uma pequena conta podemos concluir que o valor gasto para reconstruir tudo é muito menor que o valor economizado com alguma mudança conquistada. O prejuízo do "quebra-quebra" de um Congresso Nacional, por exemplo, é muito menor que o impacto causado no momento de votar uma lei. E é claro que é minoria. Nunca vi um movimento começar com a maioria mesmo...

    Sabe, as maiores mudanças foram realizadas por jovens. Conseguimos sair de uma ditadura militar e estamos prestes a voltar para outra ditadura disfarçada de democracia. Mas os jovens estão mais preocupados em assistir Malhação que estudar para o ENEM.

    Bom, não estou dizendo que vai mudar pra melhor e nem os black blocks são bem intencionados, afinal de contas muitos que estavam do lado dos opressores no passado hoje querem implantar o comunismo no Brasil. Mas é assim mesmo, como compartilhei no facebook esses dias: brasileiro gosta é de cultivar ídolos errados. É assim na hora de ser fã de Cazuza e Lampião, é assim na hora de votar.

    Olha só, acho que me empolguei. Não posto no meu blog e venho fazer post no blog dos outros...kkkkkk

    Abraços!

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    1. Hugo!!

      Sinto saudades dos seus posts e do seu blog, sabia?
      Mas independente de postar alguma coisa por lá ou não, vejo que você não perdeu a prática argumentativa de modo algum.

      Concordo contigo quando dizes que a solução dos nossos problemas está na educação; e eu sei, como professora que sou, e você também sabe, porque também já deu aulas na universidade que a teoria é muito linda e que a prática muitas vezes desanima pois encontramos nos ambientes escolares pessoas carentes não apenas de conhecimento técnico, digamos assim, mas de educação de berço mesmo. Infelizmente, pelas mais diversas razões, muitas pessoas não são criadas com o hábito do estudo, da leitura, da pesquisa... Da honestidade, do respeito ao próximo, da imparcialidade diante das situações. E isso quebra as pernas :(

      Como você mesmo disse, "pessoas com um maior grau de esclarecimento tendem a serem mais críticas e entender que o mundo depende mais de nosso próprio comportamento", porém, proporcionalmente, essas pessoas esclarecidas estão em minoria.

      Antigamente, eu queria mudar o mundo. O mundo inteiro mesmo, acreditava piamente nessas revoluções, nesses protestos. Mas a personalidade do brasileiro se formou de tal maneira que parece não fazer efeito nada disso. A verdade é que somos todos muito acomodados.

      Protestar poderia resolver. Se o pessoal começasse, por exemplo, a fazer como fizeram no Egito ou na Síria, as chances seriam grandes de haver mudança. Mas aqui... ninguém quer morrer, quanto mais pelo país! Ninguém está disposto a ir até as últimas consequências por conta de ideais, é mais cômodo assistir o "Esquenta" da Regina domingo a tarde.

      Mas como eu ia dizendo. Mudança por conta de revolta, acho que não acontecerá nunca no Brasil. E justamente por causa dessa causa impossível é que decidi baixar minhas expectativas. Começar a mudança de dentro para fora, e tentar fazer a diferença nos mini mundos onde vivemos. Podemos não alcançar a grande massa, mas se conseguirmos fazer uma pessoa abrir os olhos sobre o verdadeiro andar da carruagem no Brasil, já será uma vitória.

      Beijos, beijos!

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  2. Só escreveu verdades. Lembro de ter discutido essa questão numa aula de Sociologia do 2º ano do ensino médio.Naquele dia a professora levou um texto para a aula que me abriu os olhos para muitas coisas. Por exemplo, o político brasileiro se porta da forma que se porta pq não é nada além de um reflexo da sociedade que ele representa. O famoso "jeitinho brasileiro" é tbm uma forma de corrupção. As pessoas querem grandes conquistas, mas sem grandes esforços, isso não existe! Agora q estou na faculdade então, vejo muito isso. Outro ponto, era a falta de senso crítico do brasileiro, que aceita tudo oq a mídia propõe sem análise, sem reflexão, sem formular uma opinião própria. Infelizmente, nada disso não vai mudar enquanto o brasileiro não começar a usar cérebro e passar a valorizar o fruto do trabalho ao invés do fruto da "esperteza".

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    1. Verdade, Raíssinha. E fico feliz, sabe, por ser rodeada de pessoas pensantes e que já conseguem ver esse tipo de coisa claramente. Você comentou sobre o fato de estar na faculdade: antes a frase "O sucesso só vem antes do trabalho no dicionário" era apenas uma reflexãozinha engraçada, não é? Hoje sei que você vive isso na pele, ainda mais cursando medicina.

      Infelizmente, continuaremos a assistir a massa em decadência (moral em segundo plano, jeitinho brasileiro como modo de vida...). Mas se conseguirmos espalhar de pouco em pouco a semente dos bons costumes (isso soa piegas), não iremos resolver os problemas do universo, mas ao menos o nosso meio se modificará.

      Beijos, querida.

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  3. Voltou e com tudo.

    A sua conclusão final, bom, meio utopica, porque não acredito na população deste país. A maioria fala muito e não faz nada. No meio do ano, toda aquela movimentação só conseguiu impedir o aumento das passagens, mas vai acontecer a qq momento. Aqui no Rio de Janeiro, não tem vans circulando, ou raras, mas os onibus não vieram para substitui-las, alguns que tinham ar condicionado já andam quentões mesmo... as obras do Metro, mal planejadas para quem vive aqui, está avançando e contribuindo com o congestionamento e encurtamento das poucas horas livres dos trabalhadores e estudantes. As calçadas continuam um horror, e as pessoas continuam porcas, jogando lixo no chão, mesmo com a possibilidade de ser multado (nunca vi os agentes....). Eu poderia continuar reclamando sem parar, porque dificil mesmo é encontrar bons motivos para elogiar.

    Falta educação e cultura, porque falta berço.

    Beijos

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    1. E a falta de berço faz uma diferença, né Sissym!
      Eu não assisto mais jornal justamente pra não ter que me defrontar com tudo isso o que você disse, todos esses problemas que poderiam ser facilmente resolvidos com bom senso.
      Sei também que não é o melhor caminho, ficar alheio a tudo isso também não faz com que a situação seja resolvida.
      Mas enquanto não perco tempo assistindo aos telejornais, eu tento trabalhar a minha observação. É bom. Aqui e acolá nos deparamos com pequenos gestos, surpreendentes às vezes, e que nos fazem acreditar que nem tudo está perdido.

      Beijão

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